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Contos
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Jack Legado, o veterinário pirado

 

      Há muitos anos, em um reino distante, havia um garoto chamado Jack Legado. Ele era um menino educado, inteligente e gostava muito de ajudar as pessoas. Um dia, a filha do rei passeava com seu gatinho e andava muito tranquila, até que um cachorro bravo atacou o seu bichinho de estimação. Jack, que passava por perto, afastou o cachorro e socorreu o gatinho fazendo os curativos necessários.

      A princesa voltou ao palácio e falou a seu pai sobre a bondade de Jack. O rei, surpreso, logo quis conhecê-lo. O garoto apresentou-se à corte real, encantando-o com suas palavras. Naquele dia, ficou determinado que o menino estudaria para se tornar o veterinário real.

      Feliz com a notícia, Jack passou a estudar e se dedicou tanto, que em poucos anos ficou pirado. Certa vez, aplicou uma vacina nos cães do palácio, deixando-os enlouquecidos. Os animais pulavam de um lado para o outro, quebrando tudo que encontravam pelo caminho.

      Outra vez, causou o maior problema com os cavalos do exército quando deu aos animais uma ração que ele mesmo inventara. Ao comerem a ração, os cavalos queriam subir nos soldados, ao invés de serem montados por eles.

      Apesar de todos os problemas que causava, o rei sempre o perdoava porque Jack era muito amigo de todos. Até o dia em que houve um acontecimento para o qual não foi possível o perdão real para o veterinário: o rei pediu ao cozinheiro que fizesse seu prato predileto - lagosta - e o maluco do Jack inventou de aplicar uma vacina diferente em seu almoço. Resultado: a lagosta voltou à vida e atacou o rei que, já não suportando mais as loucuras do homem, condenou-o ao exílio.

            A partir daquele momento, nunca mais se ouviu falar de Jack Legado, o veterinário pirado.


 

Apollo IV - A viagem final

 

      No século XXV, o capitão Astral e o seu auxiliar - o primeiro imediato Boreal - estavam cansados de tanto trabalhar e solicitaram suas aposentadorias à AEG (Agência Espacial Galáctica).

      Como eram ótimos funcionários, a AEG não quis aposentá-los, mas não poderia negar seus pedidos porque eles já tinham tempo suficiente de serviço para conseguir o seu merecido descanso. Entretanto, lançaram aos dois a proposta de realizarem mais uma viagem e, ao retornarem, receberiam a tão desejada aposentadoria. Astral e Boreal aceitaram, partindo rumo a um mundo longínquo e completamente desconhecido. Ao se aproximarem do planeta, tiveram uma tremenda surpresa: metade dele era invisível.

      Ficaram tão chocados com a visão, que nem quiseram se aproximar mais. Porém, como nunca haviam falhado em missão alguma, decidiram aterrissar a nave na parte visível daquele estranho mundo. Ao descerem da nave, começaram a caminhar e viram algo simplesmente aterrador: um monstro sentado em uma cadeira de lanchonete, tomando um copo de cerveja. O que também deixava a cena estranha era o fato de um menino tentando vender picolé ao mostro.

      Essa foi apenas uma das muitas situações esquisitas que presenciaram. Fotografaram tudo. Gastaram muitos filmes para registrar as coisas anormais que aconteciam naquele planeta. Ao voltarem para casa, Astral e Boreal ficaram muito famosos, pois nenhum outro viajante espacial havia feito relatos tão impressionantes.

      Aposentaram-se em suas profissões e viveram o resto de suas vidas como escritores, produzindo as histórias mais cômicas, aventureiras e estranhas que alguém poderia imaginar.


 

Uma cozinha do barulho

 

      Miguel era um menino muito travesso. Ele e sua turminha de amigos aprontavam as piores bagunças. Apesar disso, certo dia, seus pais decidiram confiar no menino, deixando-o sozinho em casa para irem ao supermercado. Mas eles não imaginavam do que Miguel era capaz...

      Sem perder tempo, o garoto chamou seus amigos. Brincaram, assistiram televisão e jogaram cartas. Logo, começaram a sentir fome. Aí, Miguel teve uma grande idéia:

      - Vamos preparar o nosso lanche, pessoal?

      Todos aceitaram o desafio de bancar o cozinheiro. Começaram a preparar o lanche e não bastou mais de meia hora para que virassem a cozinha de “pernas para o ar”: restos de alimentos no chão, molho respingado nas paredes, o armário, o fogão e a geladeira bagunçados deixaram a cozinha parecendo um depósito de lixo. E o pior é que só estragaram os alimentos – as torradas queimaram, o café ficou forte demais e o bolo, de tão abatumado, não dava nem para mastigar, que dirá engolir.

      Ao chegarem à sua casa, os pais de Miguel ficaram apavorados com o estrago que o menino e seus amigos fizeram. Irritados, mandaram Miguel e sua turma limpar toda a bagunça. Os garotos trabalharam durante horas, com fome, sem poder reclamar.

      Aprenderam uma grande lição: jamais se meterem a fazer o que não sabem.



 A Princesinha prometida

 

     Em um reino muito distante, um rei decidiu se casar e teve uma filha. Na medida em que os anos foram passando, a jovem foi crescendo até que se tornou uma bela princesa.

     A filha do rei era tão bonita que, quando passeava pelas ruas do reino, todos paravam para admirar sua beleza. Ao completar dezoito anos, não faltavam pedidos de casamento para a princesinha. Todos os homens daquele reino eram apaixonados por ela.

     Diante de tais circunstâncias, o rei ficava horas pensando sobre quem ele permitiria que se casasse com sua filha. Certo dia, o rei teve uma idéia muito estranha: reuniu todas as pessoas de seu reino e decretou:

      - Aquele que conseguir tirar a beleza de minha filha sem, no entanto, em momento

algum deixá-la feia, será o seu futuro marido.

      Admirados com o desafio lançado pelo rei, muitas pessoas riram, outras ficaram

confusas e algumas começaram a pensar em um modo de resolver um desafio tão       enigmático. Muitos foram os feiticeiros que tentaram, mas todos os seus encantos não      resolveram a charada do rei.

      Passaram-se alguns anos e a princesinha começou a ficar triste por acreditar que jamais se casaria. Até que um dia, um pintor apresentou-se ao rei e perguntou quando seria a festa de seu casamento com a princesinha. O rei, surpreso, perguntou ao rapaz por que ele havia lhe feito tal indagação. O rapaz então falou:

      - Majestade, está vendo este quadro?

      - Sim, estou - respondeu o rei.

      - Esta é ou não a sua filha? - Perguntou o pintor.

      - É a minha filha sim - disse o rei.

      Neste momento, o pintor pediu para que o rei posicionasse o quadro para baixo.    

      Imaginem a surpresa do rei, ao perceber que o pintor havia feito o retrato da princesa de uma forma tal que, ao virá-lo para baixo, o seu lindo rosto se transformava no rosto de uma velha.

      Duas semanas depois, uma princesinha de um reino muito distante se casava com um pintor.


 

A fantástica palestra do Dr. Júnior 

 

            Enquanto aquele homem de barba longa tomava o seu leitinho morno na mamadeira, Dr. Júnior, um menino de cinco anos, falava sobre os últimos avanços da informática. Formado em Análises de Sistemas e com pós-graduação em Ciências Sociais, também abordava assuntos relacionados aos acontecimentos atuais.

            Ouvia atentamente o discurso do Dr. Júnior, quando um fato desviou-me a atenção:

ao meu lado, seu Inocêncio levava um belo “puxão de orelhas” de seu filho de dois anos que lhe dizia:

          - Papai, se o senhor não parar de incomodar, prometo que, além de uma surra, também cortarei sua mesada por dois meses.

         Voltei minha atenção à palestra novamente - pensando que dessa vez iria conseguir ouvir o discurso do doutor - e não bastaram cinco minutos para que um ruído estranho se manifestasse na porta de entrada. Era um policial que corria, para não ser pego pelos bandidos. Assim como entraram, também saíram correndo às pressas.

        Dr. Júnior continuava sua fala, como se nada tivesse acontecido. Prometi que não iria desviar mais a atenção do doutor por nada. Porém, ao terminar minha promessa, surpreendi-me com uma conversa que ouvira atrás de mim:

           - E aí, quando fecharemos o negócio? – Perguntou, por celular, um menino de três anos.

           - Quando você quiser - disse o outro.

            Rapaz, era muita coisa para a minha cabecinha de quatro anos! Estava muito interessado naquela curiosa palestra do Dr. Júnior. Não posso dizer que consegui ouvir a palestra, mas que estava curiosa, com certeza estava.